O Natal é uma época que é sempre associada à imagens positivas. Esperança, amor, alegria, família, dentre tantas outras, preenchem nossas mentes durante essa temporada. Não é por menos, pois acima das festividades culturais que o mundo criou, há o motivo maior de alegria: a comemoração do nascimento do nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo, que veio ao mundo há mais de dois mil anos. Contudo, a história do nascimento de Cristo não foi pura felicidade. Os relatos dos evangelhos mostram rejeição (Lc 2.7), mentira (Mt 2.8), perseguição (v.13), matança e lamento (v.17-18), em suma, a presença da maldade humana ao lado do glorioso evento da vinda de Cristo. Quero me concentrar, porém, em um elemento específico: a dúvida . Estamos acostumados a enfatizar a virtude e a fé dos personagens envolvidos diante das mensagens celestiais. José recebeu sua noiva mesmo sob o risco da infâmia, obedecendo à ordem angelical (Mt 1.18-24); os ...
João Calvino (1509-1564) e Martinho Lutero (1483-1546) são os dois maiores nomes da Reforma Protestante, tendo influenciado grandemente as correntes que receberam seus nomes. Embora tivessem como objetivo comum a restauração do verdadeiro Evangelho e a oposição ao Anticristo papal, divergiam em crenças sobre a doutrina e o culto cristão, o que distanciou as duas denominações. Ainda assim, pouco se fala sobre o que pensavam um do outro , se dialogaram entre si, como os reformadores frequentemente faziam. Trago, portanto, duas cartas de Calvino que trarão luz à opinião que ele possuía do grande reformador. A primeira delas foi dirigida ao próprio Lutero, escrita no penúltimo ano de sua vida. Ele buscava a instrução de Lutero quanto aos "nicodemitas franceses", ou seja, pessoas que se converteram à fé reformada mas em nada mudaram sua profissão pública de fé, vivendo como católicos exteriormente. Calvino já havia sido rigoroso e eles esperavam que Lutero fosse mais suave e prá...