 |
Isso por acaso parece melhor do que um ser humano? A violência não está presente nos dois lados da natureza? |
Devido a alta das pautas ecológicas, uma tendência é vermos animais como superiores aos seres humanos por serem menos maus. Acreditamos que por serem puros e não terem a maldade da humanidade, merecem mais valor e importância que os próprios seres humanos, ou no mínimo, que somos iguais a eles. Isso pode ser notado quando as pessoas sentem mais empatia por um filhote de animal e dedicam a ele mais cuidado e atenção do que uma vida humana concebida que espera para nascer, rejeitada e trata como um tipo de sub-vida indigna de tratamento amoroso.
Não importa que os animais tenham seus instintos e matem uns aos outros, eles continuam a ser vistos como dignos de mais amor pelos humanos do que sua própria raça. O que nós como cristãos temos a dizer sobre isso?
Os animais são obra do Criador
Isso é um fato e podemos observar logo em Gênesis que assim como Deus ordenou a criação do homem, também ordenou a criação do reino animal como um todo, registrado como as aves e seres marinhos primeiro (Gn 1:20-21) e depois os terrestres (Gn 1:24-25). Até então, somos iguais. Alguns podem dizer, "Mas nós fomos feitos da terra pelo próprio Deus!" e eu digo, "Os animais também!". Gênesis 2:19, "Depois que formou da terra todos os animais do campo...".
"Mas nós temos o sopro da vida do próprio Deus", e eles também têm! O נְשָׁמָה (neshamah, sopro) está presente em Gênesis 7:22 e mostra que os animas o têm justamente porque são seres viventes e todos os que vivem possuem o sopro de vida.
Deus os criou com toda a sua autoridade e poder e reina sobre eles assim como reina sobre nós. A natureza não é tida como naturalmente desenvolvida ma obra direta e ativa do Criador, parte importante de sua obra no Universo e glorificando a ele em toda a sua exuberância. Como diz em Jeremias:
"Eu fiz a terra, os seres humanos e os animais que nela estão, com o meu
grande poder e com meu braço estendido, e eu a dou a quem eu quiser" Jeremias 27:5
Os animais são protegidos pelo Criador
A proteção aos animais fica clara ao longo das Escrituras. Ele aprovou a criação dos animais junto com todo o conjunto da Criação (Gn 1:21) e providencia a eles o alimento como verdadeiras criaturas amadas por Ele (Sl 147:9). Cristo, mais tarde, reitera essa proteção em seu discurso sobre o cuidado de Deus com as suas criaturas, eximindo o ser humano das preocupações comuns dizendo:
"Observem as aves do céu: não semeiam nem colhem nem armazenam em celeiros; contudo, o Pai celeste as alimenta" (Mt 6:26)
Somos instruídos a amar o animal doméstico (Pv 12:10) e os maus tratos contra animais são condenados, pois são obra do Criador e integram todo o conjunto da grande pintura que chamamos de cosmos. Quando Jonas se ira contra Nínive, Deus se compadece não só de seus 120 mil habitantes mas também dos rebanhos que ali haviam (Jn 4:11) além de fazer questão de preservá-los antes de destruir toda a terra com o Dilúvio (Gn 6:19).
Certo, já sabemos o valor dos animais e como Deus os protege assim como s seres humanos. Deveríamos então pensar que eles são mais puros por não terem escolhido pecar? Deveríamos vê-los como melhores que a podridão do gênero humano?
A humanidade como imagem do Criador
É difícil aceitarmos, mas é a verdade. Após a criação, o homem é descrito como a única criatura feita a imagem direta de seu Criador (Gn 1:16-27). Isso significa que éramos semelhantes a ele em todos os aspectos por sermos originalmente espirituais (2:7), racionais (2:19-20), relacionais (Jo 1:1; Gn 18-25), íntegros (Ec 7:29), dominadores não tirânicos (Sl 8:5-8; Gn 1:26-28) e gloriosos (Sl 8:5).
O Salmo 8 é inclusive um grande esclarecimento para o valor que o homem possui dado inteiramente por Deus. Fomos feitos "um pouco menores do que os seres celestiais" (v.5, segundo a Septuaginta), uma enorme honra que é inclusive ressaltada em Hebreus quando é dito que os espíritos celestiais estão a nosso favor (Hb 1:14).
De fato, nossa imagem corrompeu-se profundamente e perdemos muito de nossa essência, tornando-nos literalmente mortos no âmbito espiritual (Ef 2:1) e quebrando nossa relação com Deus ao ponto dele se entristecer de ter feito a nós (Gn 6:5-6).
Mas ainda há um restante da imagem que ele colocou em nós, exclusiva para que fôssemos superiores do que todas as criaturas na terra. Eles nos deu um mandado único de dominar sobre a Criação (Gn 1:28; Gn 9:2-3), tornando-nos verdadeiros representantes seus que deveriam se reproduzir para encher a terra com a sua glória (Gn 1:28).
Os animais também se reproduzem como nós de formas até mesmo mais curiosas, mas nenhum deles transmite a imagem de Deus da forma que nós transmitimos. Jesus, ao falar das aves, disse claramente que "não tem vocês mais valor do que elas?" (Mt 6:26), necessitando de que cordeiros morressem para que nossos pecados fossem pagos (Lv 4:35). Nossa imagem corrompeu-se enormemente e nos tornamos nascidos das trevas (Jo 3:6) mas a partir de Cristo, a exata expressão do ser de Deus (Hb 1:3), podemos conquistar a imagem celestial pelos seus esforços (1 Co 15:49).
A podridão é de todos
Quando Adão violou os mandamentos de Deus não só condenou a sua raça para sempre (Gn 3:14-19; Rm 5:12) como atingiu a natureza que estava debaixo de seu controle (Rm 8:20). Quando vemos animais brigando por comida, atacando seres humanos sem motivo aparente, matando os filhotes uns dos outros percebemos que tudo isso não fazia parte da natureza original e é resultado do pecado que adentrou no mundo, produzindo a morte (Gn 3:19).
A restauração, entretanto, atingirá a todos, almas e mundo criado renovados pela glória de Deus assim que os seus filhos sejam revelados (Rm 8:19). Tanto a natureza quanto nós compartilhamos a esperança de um dia presenciar a vinda do Altíssimo e retornar ao nosso estado original, o estado que Deus quis que fosse em primeiro lugar (v.23-24).
Portanto não diga que os animais são puros, ainda que eles não tenham escolhido desvirtuar-se do caminho de Deus eles sofrem a depravação tanto quanto nós sofremos.
Conclusão
Pretendo fazer uma postagem mais específica sobre o tema da imagem de Deus, a chamada Imago Dei, contudo creio ter contestado um pensamento coletivo que parece positivo mas não o é. Quando valorizamos mais animais do que seres humanos nós estamos dizendo que ainda que imagem do Criador, somos inferiores as criaturas menores e negamos o valor que Ele nos dá.
Isso é um atentado direto contra o amor e misericórdia de Deus e é preciso mudar essa visão de que cachorros, vacas, bois, porcos e qualquer animal que seja, ainda que belos e merecedores de amor e carinho, sejam superiores a nós. Que saibamos protegê-los e amá-los como é devido mas sem nunca substituir o lugar da vida humana.
Graça e paz a todos vocês,
Luigi Bonvenuto.
Comentários
Postar um comentário
Seja respeitoso, educado e não cometa spam, ou será negado imediatamente.