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Brilhantes como estrelas, reluzentes como joias no meio da lama (Fp 2:14-16)

A carta de Filipenses foi escrita por Paulo no ano 61 enquanto estava preso, provavelmente em Roma (At 28), ainda que não se tenha certeza da exata cidade em que estava. É chamada da "Epístola da Alegria" devido ao seu tom otimista e a grande gratidão que o apóstolo demonstra, ainda que em sua condição desvalida. 

O que me chama atenção na carta para a cidade de Filipos, contudo, é uma instrução bastante impactante para os cristãos com a intenção de fazê-los diferentes perante os outros cidadãos:

"Façam tudo sem queixas nem discussões, para que venham a tornar-se puros e irrepreensíveis, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração corrompida e depravada, na qual vocês brilham como estrelas no universo, retendo firmemente a palavra da vida" (Fp 2:14-16)

Para que um corpo celeste seja uma estrela ele precisa ser uma massiva esfera brilhosa que irradia enorme quantidade de energia. Da mesma forma o sal precisa de seu sabor para ser sal, senão ele é inútil (Lc 14:34-35) e uma lamparina não é casa para ficar escondida (Mt 5:14). Todas essas comparações são usadas a nós, cristãos, e seu significado é muito importante.

Quantas vezes nos sentimos deslocados do resto de nossa comunidade? Pensávamos estar isolados, excluídos do resto do mundo pela nossa postura diferenciada, tentados a abandonar essa vida que supostamente "tira nossa liberdade". Somos tidos como problemáticos, um câncer numa sociedade que acreditam estar sadia por si própria senão fosse por nós, fanáticos religiosos. Mas há um motivo para toda essa exclusão: Nós brilhamos, reluzimos como ouro numa mina escura, diamantes num chiqueiro.

Digo isso não por merecermos: Sabemos que somos todos pecadores, vindos da mesma raiz (Rm 3:23) nosso valor vem de Cristo e somos diferentes porque ele nos amou antes que pudéssemos amá-lo (1 Jo 4:10). É a nossa adoção como filhos de Deus, integrando sua família espiritual que nos torna tão brilhosos e distintos (Jo 1:12-13). Somos nascidos não da descendência natural mas renascidos no Espírito para uma vida espiritual (Rm 8:5). 

Por isso, brilhem como estrelas, irradiem a luz que não vem de vocês mas de Deus. Salguem a terra, encham-na com a luz que Deus nos concedeu e pratiquem boas atitudes para que a partir delas todos vejam que somos filhos do Altíssimo e o glorifiquem, cumprindo nosso propósito em meio aos nossos semelhantes (Mt 5:16).

Graça e paz a todos vocês,

Luigi Bonvenuto

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