Existem tantas pessoas no mundo que nos sentimos um mero grão de areia numa praia repleta de semelhantes a nós, muitos até mesmo melhores. A partir da globalização e da internet somos colocados cada vez mais para baixo quando nos comparamos aos outros: "Sabe desenhar? Bem, este artista tem um traço melhor que o seu". "Sabe escrever? Legal, mas quem disse que fará um livro igual aquele ali?". "Sabe cantar? Ótimo, mas a pessoa neste vídeo tem uma voz muito melhor".
Nosso talentos se tornam irrelevantes e nossas características se perdem em um montante de dons extraordinários. Como seguir o lema da atualidade de se sentir único e especial quando temos tantas pessoas parecidas e superiores?
A visão bíblica de dons particulares prega um enorme diferencial quando comparada ao uso dos talentos na nossa sociedade. Claramente temos pessoas mais notórias que outras como Moisés que foi líder ainda que Arão falasse melhor (Ex 4:14), Jacó que foi escolhido em despeito a Esaú (Ml 1:2-3), Davi que foi consagrado rei em desfavor de seus irmãos (1 Sm 16:6-13) mas nenhum mérito partiu deles e não significa que Deus não tivesse um plano para os outros.
Jacó se tornou Israel e o pai de uma nação numerosa, cumprindo a promessa feita a Abraão (Gn 12:2-3) mas Esaú também teve seu propósito e formou a nação de Edom (Gn 36), assim como Arão foi sumo sacerdote mesmo sem ser líder (Ex 39). Por que eles tiveram chamados diferentes? Apenas os preceitos indecifráveis de Deus podem responder mas a verdade é que cada um dos seus filhos é especial para Ele.
Como Corpo de Cristo, nenhum membro funciona igual ao outro, somos todos relevantes e determinados para papéis diferentes, dependendo da vontade do Senhor e da ocasião em que Ele deseja nos usar (Rm 12:4). Como disse Paulo, "há diferentes tipos de dons mas o Espírito é o mesmo" (1 Co 12:4). Quando dedicamos nossas aptidões ao Senhor somos sempre especiais e, diferente das habilidades normais, esses dons não partem de nós, mas são dádivas de Deus para o bem comum. (v.7)
A Bíblia nunca ensina igualdade entre o povo de Deus mas singularidade. Arão era em definitivo inferior ao chamado de Moisés em liderar e entregar a Lei mas foi lembrado por preparar o povo para a vinda de Cristo como sumo sacerdote (Hb 5:4). Somos todos relevantes mas não iguais em relevância. Não sintamos ciúmes e inveja do chamado de nossos irmãos ainda que eles sejam escolhidos para funções mais honrosas que as nossas pois isto é simplesmente Deus agindo de forma diferente na vida de cada um enquanto guarda a nós uma atribuição especial.
Nunca se esqueça que Jesus se dedica a cada indivíduo de seu rebanho, ainda que as outras noventa e nove estejam seguras ele sai para buscar a única que fugiu pois a ama particularmente (Lc 15:1-7). Cristo não morreu pelos pecados de forma geral mas pagou individualmente a dívida de cada um de nós (Jo 6:39-40).
Se sua função é liderar, abençoar, ensinar, servir, animar, contribuir, compadecer, faça tudo segundo a capacidade de sua fé e para honra e glória de nosso Senhor Jesus, exercendo os dons que Ele graciosamente derramou a nós (Rm 12:3-8)

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