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| "Adoração dos Pastores", Gerard van Honthorst, 1622 |
Todos os anos, no horário próximo da virada do dia 24 para o dia 25, famílias se reúnem em todo o mundo para comer a Ceia de Natal, incluindo peru, pernil, frutas, vinho e outras especiarias locais. No dia seguinte, ou no mesmo dia se for impaciente, os presentes são abertos e a gratidão se manifesta na casa.
Isso acontece tantas vezes há tantos anos que nós, cristãos, já nos habituamos a ter que sempre lembrar que tudo isso são apenas festividades culturais, mas que a razão principal do feriado é comemorar o nascimento de Cristo. Inúmeros sermões são feitos sobre o verdadeiro sentido do Natal, sempre apontando para o significado religioso que ficou obscurecido diante toda essa saturação mercadológica.
Diante disso, uma dúvida surge dentro e fora da igreja: Seria o Natal uma festa cristã? Teria ele sido apropriado pelas modas mundanas ou nunca foi algo verdadeiramente religioso desde o princípio? Por este receio, extremistas dizem que o Natal "não está na Bíblia" e cortam todo o seu belo simbolismo. Enquanto isso era algo próprio de seitas como as Testemunhas de Jeová, é possível ver cristãos dentro da igreja que se opõe a celebração do nascimento do próprio Cristo!
O Natal na Igreja Antiga
O solstício de inverno, ocorrido entre 21 a 22 de dezembro, sempre foi início de festividades nos povos do Hemisfério Norte. Os celtas, os escandinavos, as tribos germânicas e os romanos tinham suas celebrações de fim de ano iniciadas nesta época e no caso destes últimos, estavam associadas ao deus Saturno, o deus da agricultura, iniciando no dia 17 de Dezembro sob o nome de Saturnalia.
As duas datas foram mantidas por comunidades cristãs distintas, assim como a Páscoa no início. Possivelmente para competir com a festa Dies Natalis Solis Invicti, que passou a ocorrer em dezembro, ou simplesmente para tornar os dois eventos distintos, um como o início de sua vida terrena e o outro como da sua jornada ministerial, prolongando a celebração, o Natal passou oficialmente a ser celebrado em 25 de dezembro após o apoio da Igreja de Roma no ano 336. Constantino, o primeiro imperador romano convertido ao cristianismo, desejava enfraquecer o paganismo e o apoio real a uma nova festa cristã no lugar ajudou a consolidá-la, mas não foi o fator essencial.
Apesar da incerteza, é provável que o decreto imperial tenha sido uma afronta direta ao dia de jejum cristão (TUCKER, 2000), numa das várias tentativas de reduzir a difusão da religião que ameaçava o domínio do paganismo romano no Império.
A Celebração Cristã
A liturgia cristã tem sido oficializada desde, pelo menos, o século IX. Isto não quer dizer que cristãos não o comemorassem antes disto, como já foi explicado, mas que as tradições foram evoluindo com o tempo e aderindo a novos costumes.A árvore de Natal, por exemplo, é um símbolo que foi difundido pelo protestantismo, diferente do que pensam muitos evangélicos. Uma tradição bem consolidada é a de que Martinho Lutero foi a primeira grande figura cristã a popularizar seu uso, ainda no século XVI, quando colocou candeeiros em uma árvore de pinheiro para representar a sua família a visão que teve das belas estrelas no céu que reluziam em meio aos pinheiros numa noite de inverno.
O hábito de decorar árvores verdejantes de formas triangulares na época do Natal se popularizou entre países de maioria luterana, como Suécia, Noruega e a Alemanha a partir do século XIX o costume passou a se difundir aos outros países europeus e aos Estados Unidos. A associação de uma estrela no topo representando a Estrela de Belém transformou a árvore num símbolo adotável as famílias cristãs.
Quanto ao Papai Noel, sua origem também é cristã. Seu nome em inglês, Santa Claus, remete a São Nicolau, bispo cristão do século IV essencial na defesa da Trindade e que se dedicava a caridade dando moedas de ouro as crianças desfavorecidas.
Tudo isto nos mostra que a celebração de Natal, apesar de ter sido secularizada, não deve ser rejeitada pela cristandade. Rejeitar o Natal por alegação de paganismo é esquecer que todos nós vivemos num mundo que não nos pertence (Jo 15:19) e que enquanto não estivermos nos céus, temos de nos habituar aos costumes terrenos, sem nunca abdicar dos princípios cristãos. Não caiamos no erro dos puritanos que ao tentar impedir celebrações seculares, provocarem apenas mais revolta aos costumes religiosos.
Lembremos não apenas do propósito bíblico do Natal mas da origem de sua celebração que não é enraizada no paganismo como nos fazem crer atualmente. Deus os abençoe e feliz Natal a todos.
FONTES:
Hillebrand, Hans J. Christmas, 2020, Encyclopædia Britannica
History of Christmas, English Heritage
History of Christmas Tree, History

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