O Natal é um grande marco no ano cristão, reunindo milhares de fiéis em torno do mundo para celebrar o nascimento do nosso Salvador. Todos conhecem a história: Deus escolheu Maria, uma virgem judia, para dar a luz ao Filho de Deus, concebido pelo Espírito Santo (Lc 1:45) e que recebeu em seu nascimento a visita dos magos (Mt 2:11) e dos pastores (Lc 2:15-16).
O Natal é uma boa ocasião para refletirmos sobre o quão impressionante foi a vinda de Jesus à terra. Cristo era homem como nós por ser “nascido de mulher” (Gl 4:4) e ter assumido a carne em toda a sua essência (Jo 1:14), passando por todas as suas fraquezas, porém divino por ser a Palavra pré-existente e criadora de todas as coisas (Jo 1:1-2) capaz de realizar milagres e dizer Eu Sou (Jo 8:58). Esse é o maravilhoso milagre da Encarnação, a vinda do Verbo eterno a nossa realidade a fim de salvar o povo dos seus pecados (Mt 1:21).
O mesmo Cristo que tem vida em si mesmo (Jo 5:26) e um com o Pai (Jo 10:30) é o mesmo que sentiu fome (Mt 4:2), sede (Jo 4:7) e morreu (Mc 15:37). Por mais incompreensível que seja, "O mistério da encarnação de Cristo é para ser adorado, não esquadrinhado” [1], assim diz Matthew Henry.
A dualidade de Jesus como Deus e homem confundiu muitas mentes de seu tempo, inclusive os discípulos, impressionados com a vinda da vida eterna (1 Jo 1:2), gerando dúvidas na humanidade séculos depois de sua vinda. Seria Cristo uma mistura da natureza divina e humana? Seria ele duas pessoas conjuntas? Teria Cristo alma e mente humanas ou seria apenas o Verbo?
Acima de toda especulação, sabemos que Cristo é Uno e o completo Deus-Homem, verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, pois “um só e mesmo Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, perfeito quanto à divindade, perfeito quanto à humanidade, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, constando de alma racional e de corpo; consubstancial [hommoysios] ao Pai, segundo a divindade, e consubstancial a nós, segundo a humanidade” (Fórmula de Calcedônia, c.451). Ao mesmo tempo que ele é gerado eternamente do Pai, é gerado no tempo por Maria, mãe daquele que é Deus desde a concepção e esse é o fascínio natalino.
O grande bispo romano Leão Magno (400-461), em um sermão de natal, descreveu a encarnação de Cristo belamente ao dizer:
O Senhor era como um governante vendo sua cidade ser atacada por ladrões por causa da displicência de seus habitantes. Ele não poderia assistir impassível a ruína de seus feitos, permanecer omisso diante de uma ofensa tão grande a sua honra e era misericordioso demais para ver sua Criação decair; ao mesmo tempo, não poderia anular sua palavra de sentença de morte (Gn 2:27).
Cabia, então, a Deus intervir diretamente em nossa essência tornando-se parte dela. “Pois Ele apenas, sendo o Verbo do Pai e sobre todas as coisas, era em consequência capaz de de recriar tudo e digno de sofrer por causa de todos para ser um embaixador por todos junto ao Pai. Por esse propósito, então, o incorpóreo, incorruptível e imaterial Verbo de Deus entrou em nosso mundo” [4]
O Todo-Poderoso precisava se humilhar ao ponto de se tornar um bebê numa manjedoura? Sim, pois quis assumir um corpo em tudo semelhante a nós, não apenas se corporificar em aparência mas revelar sua majestade a partir da fragilidade humana [5]. "Ele assumiu um corpo capaz de morte, afim de que, por pertencer a Palavra que está acima de tudo, tornasse na morte uma troca suficiente por todos, e, permanecendo incorruptível por Sua habitação ,pudesse após igualmente por fim a corrupção de todos os outros, pela graça da ressurreição" [6]
Cristo tornou-se homem para que em seu ser divino sofresse a punição devida a humanidade, abolindo o jugo da morte; algo possível apenas pela encarnação. Não apenas isso, mas assim poderia conquistar vitória sobre o Adversário a partir da humanidade corrompida por sua incitação, ao mesmo tempo que regenera as nossas capacidades em reflexo da sua perfeição. “O Filho de Deus, na completude do tempo que a inescrutável profundidade do conselho Divino determinou, tomou parte da natureza do homem para reconciliá-la com seu Autor; para que o inventor da morte, o Diabo, seja conquistado por esta natureza que ele mesmo conquistou” [7]
Em sua reconciliação promovida entre a humanidade e o Senhor, abriu o caminho para que pudéssemos redimir a nossa essência e sermos reconstruídos de acordo com a intenção de Deus quando nos fez. Pelo seu agir soberano somos feitos justos e participantes do sofrimento e glória de Cristo Jesus (Rm 8:17) por termos um sumo sacerdote parecido conosco. “não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas, mas sim alguém que, como nós, passou por todo tipo de tentação, porém, sem pecado” (Hb 4:15)
O Natal é uma boa ocasião para refletirmos sobre o quão impressionante foi a vinda de Jesus à terra. Cristo era homem como nós por ser “nascido de mulher” (Gl 4:4) e ter assumido a carne em toda a sua essência (Jo 1:14), passando por todas as suas fraquezas, porém divino por ser a Palavra pré-existente e criadora de todas as coisas (Jo 1:1-2) capaz de realizar milagres e dizer Eu Sou (Jo 8:58). Esse é o maravilhoso milagre da Encarnação, a vinda do Verbo eterno a nossa realidade a fim de salvar o povo dos seus pecados (Mt 1:21).
O mesmo Cristo que tem vida em si mesmo (Jo 5:26) e um com o Pai (Jo 10:30) é o mesmo que sentiu fome (Mt 4:2), sede (Jo 4:7) e morreu (Mc 15:37). Por mais incompreensível que seja, "O mistério da encarnação de Cristo é para ser adorado, não esquadrinhado” [1], assim diz Matthew Henry.
A dualidade de Jesus como Deus e homem confundiu muitas mentes de seu tempo, inclusive os discípulos, impressionados com a vinda da vida eterna (1 Jo 1:2), gerando dúvidas na humanidade séculos depois de sua vinda. Seria Cristo uma mistura da natureza divina e humana? Seria ele duas pessoas conjuntas? Teria Cristo alma e mente humanas ou seria apenas o Verbo?
Acima de toda especulação, sabemos que Cristo é Uno e o completo Deus-Homem, verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, pois “um só e mesmo Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, perfeito quanto à divindade, perfeito quanto à humanidade, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, constando de alma racional e de corpo; consubstancial [hommoysios] ao Pai, segundo a divindade, e consubstancial a nós, segundo a humanidade” (Fórmula de Calcedônia, c.451). Ao mesmo tempo que ele é gerado eternamente do Pai, é gerado no tempo por Maria, mãe daquele que é Deus desde a concepção e esse é o fascínio natalino.
O grande bispo romano Leão Magno (400-461), em um sermão de natal, descreveu a encarnação de Cristo belamente ao dizer:
“Sem detrimento, portanto, às propriedades de ambas as substâncias que uniram-se em uma pessoa, onde a majestade toma a humildade, a força, a fraqueza, a eternidade, a mortalidade, a união da natureza inviolável com a passível, verdadeiro Deus e verdadeiro homem combinados para formar um só Senhor e um só Mediador entre Deus e a humanidade” [2]Por que isso ocorreu? Por causa de nossa carência. O bispo alexandrino Atanásio (296-373), em sua magnífica obra “Da Encarnação”, diz que “Ele assumiu um corpo humano por apenas esta razão, pelo amor e bondade de seu pai, para a salvação de nós, homens. Foi nosso caso miserável que fez a Palavra descer, nossa transgressão que clamou por Seu amor a nós” [3]. Deus nos fez a sua imagem e semelhança (Gn 1:27), prontos para portar o reflexo da santidade e destinados a imortalidade em comunhão com Ele; contudo, a desobediência da humanidade resultou na corrupção e degradação de nossa essência, violando a pureza da Criação de Deus e trazendo sobre nós a condenação determinada por Deus.
O Senhor era como um governante vendo sua cidade ser atacada por ladrões por causa da displicência de seus habitantes. Ele não poderia assistir impassível a ruína de seus feitos, permanecer omisso diante de uma ofensa tão grande a sua honra e era misericordioso demais para ver sua Criação decair; ao mesmo tempo, não poderia anular sua palavra de sentença de morte (Gn 2:27).
Cabia, então, a Deus intervir diretamente em nossa essência tornando-se parte dela. “Pois Ele apenas, sendo o Verbo do Pai e sobre todas as coisas, era em consequência capaz de de recriar tudo e digno de sofrer por causa de todos para ser um embaixador por todos junto ao Pai. Por esse propósito, então, o incorpóreo, incorruptível e imaterial Verbo de Deus entrou em nosso mundo” [4]
O Todo-Poderoso precisava se humilhar ao ponto de se tornar um bebê numa manjedoura? Sim, pois quis assumir um corpo em tudo semelhante a nós, não apenas se corporificar em aparência mas revelar sua majestade a partir da fragilidade humana [5]. "Ele assumiu um corpo capaz de morte, afim de que, por pertencer a Palavra que está acima de tudo, tornasse na morte uma troca suficiente por todos, e, permanecendo incorruptível por Sua habitação ,pudesse após igualmente por fim a corrupção de todos os outros, pela graça da ressurreição" [6]
Cristo tornou-se homem para que em seu ser divino sofresse a punição devida a humanidade, abolindo o jugo da morte; algo possível apenas pela encarnação. Não apenas isso, mas assim poderia conquistar vitória sobre o Adversário a partir da humanidade corrompida por sua incitação, ao mesmo tempo que regenera as nossas capacidades em reflexo da sua perfeição. “O Filho de Deus, na completude do tempo que a inescrutável profundidade do conselho Divino determinou, tomou parte da natureza do homem para reconciliá-la com seu Autor; para que o inventor da morte, o Diabo, seja conquistado por esta natureza que ele mesmo conquistou” [7]
Em sua reconciliação promovida entre a humanidade e o Senhor, abriu o caminho para que pudéssemos redimir a nossa essência e sermos reconstruídos de acordo com a intenção de Deus quando nos fez. Pelo seu agir soberano somos feitos justos e participantes do sofrimento e glória de Cristo Jesus (Rm 8:17) por termos um sumo sacerdote parecido conosco. “não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas, mas sim alguém que, como nós, passou por todo tipo de tentação, porém, sem pecado” (Hb 4:15)
O bispo Atanásio sabiamente expressou que "Através dessa união do Filho de Deus imortal com nossa natureza humana, todos os homens foram revestidos com incorrupção na promessa da ressurreição. Pois a solidariedade a humanidade era tanta que, pela virtude da habitação do Verbo em um único corpo humano, a corrupção que vem com a morte perdeu seu poder sobre todos" [8]
Louvado seja Deus pela encarnação de Cristo Jesus! O bebê que repousa na manjedoura é o Servo prometido desde a Queda (Gn 3:15) e capaz de trazer a salvação a todos os que lhe pertencem. Não é apenas sobre Deus assumindo-se homem mas o homem participando da natureza de Deus (2 Pe 1:4)
Que o Natal seja mais do que uma oportunidade de reunião, mas de reflexão religiosa.
Graça e paz a todos vocês,
Luigi Bonvenuto
Louvado seja Deus pela encarnação de Cristo Jesus! O bebê que repousa na manjedoura é o Servo prometido desde a Queda (Gn 3:15) e capaz de trazer a salvação a todos os que lhe pertencem. Não é apenas sobre Deus assumindo-se homem mas o homem participando da natureza de Deus (2 Pe 1:4)
Que o Natal seja mais do que uma oportunidade de reunião, mas de reflexão religiosa.
Graça e paz a todos vocês,
Luigi Bonvenuto
REFERÊNCIAS:
[1] Matthew Henry, Mateus 1, v.18-25
[2] Da Festa da Natividade, I, 2
[3] Da Encarnação, I, IV, p.4
[4] Da Encarnação, VII, VIII, p.5
[5] Da Encarnação, VIII.
[6] Da Encarnação, IX.
[7] Da Festa da Natividade, I, 1
[8] Da Encarnação, IX.
BIBLIOGRAFIA:
Sermon 21, On Feast of Nativity, I. Leo the Great. Translated by Charles Lett Feltoe. From Nicene and Post-Nicene Fathers, Second Series, Vol. 12. Edited by Philip Schaff and Henry Wace. (Buffalo, NY: Christian Literature Publishing Co., 1895.) Revised and edited for New Advent by Kevin Knight. <http://www.newadvent.org/fathers/360321.htm>.
Athanasius, "On Incarnation". Paul Halsall, 1998. Internet Medieval Sourcebook.
Matthew Henry, Commentary of The Bible, 1706. www.christianity.com/bible/commentary/matthew-henry-complete/matthew/1?amp=1
[2] Da Festa da Natividade, I, 2
[3] Da Encarnação, I, IV, p.4
[4] Da Encarnação, VII, VIII, p.5
[5] Da Encarnação, VIII.
[6] Da Encarnação, IX.
[7] Da Festa da Natividade, I, 1
[8] Da Encarnação, IX.
BIBLIOGRAFIA:
Sermon 21, On Feast of Nativity, I. Leo the Great. Translated by Charles Lett Feltoe. From Nicene and Post-Nicene Fathers, Second Series, Vol. 12. Edited by Philip Schaff and Henry Wace. (Buffalo, NY: Christian Literature Publishing Co., 1895.) Revised and edited for New Advent by Kevin Knight. <http://www.newadvent.org/fathers/360321.htm>.
Athanasius, "On Incarnation". Paul Halsall, 1998. Internet Medieval Sourcebook.
Matthew Henry, Commentary of The Bible, 1706. www.christianity.com/bible/commentary/matthew-henry-complete/matthew/1?amp=1
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